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domingo, 7 de agosto de 2011

Tirando algumas duvidas....


1ª) É aceitável o uso do adjetivo fatal na frase “O saldo do acidente foram duas vítimas fatais?”
Segundo os nossos dicionários, fatal é “o prescrito pelo fado, pelo destino”. É, portanto, o “inevitável”. Pode significar também “o que causa a morte, mortal, letal”. Isso significa que fatal é o acidente, e não as vítimas. O acidente é que causa a morte. Portanto, “foi um acidente fatal com duas vítimas”.
E de gosto no mínimo duvidoso é a história de considerar as duas vítimas o “saldo” de um acidente fatal. Não devem ser parentes de quem escreveu! Mais triste ainda é quando escrevem “só duas vítimas” ou “pelo menos duas vítimas”. Parece que o autor achou pouco.
Quanto ao adjetivo fatal, é importante ainda lembrar o uso no sentido de “improrrogável” (=prazo fatal).
E, por fim, a “mulher fatal”. Existe ou não? Claro que sim. É aquela que leva o homem à ruína.
2ª) SAMBA-ENREDO ou SAMBA DE ENREDO?
Tanto faz. As duas formas são aceitáveis.
Quanto ao plural, também não há problema: somente o primeiro elemento vai para o plural: sambas-enredo e sambas de enredo.
Em sambas-enredo, aplicamos a regra que mandar pluralizar somente o primeiro substantivo quando o segundo substantivo exerce o papel de adjetivo: decretos-lei, bombas-relógio, homens-bomba, elementos-chave, peixes-boi, laranjas-lima, sambas-enredo…
Nesse caso, há quem aceite a pluralização dos dois elementos: decretos-leis, micos-leões. Assim sendo, a forma sambas-enredos não estaria errada.
Em sambas de enredo, aplicamos a regrinha que manda pluralizar o primeiro elemento quando houver uma preposição entre os dois elementos (com ou sem hífen): donas de casa, fins de semana, cães de guarda, pés de cabra, pores do sol, caras de pau, joões-de-barro, copos-de-leite…
3ª) ORA ou HORA?
Está correta a frase “A Raquel…por HORA, só quer comemorar”?
O leitor tem razão. Ela poderia comemorar por hora, por minuto, por segundo…
Erro grosseiro. O certo é: “…por ORA, só quer comemorar.” (=por agora, neste momento)
Hora com “h” são 60 minutos: “Ele só andava a 100 quilômetros por hora”.
4ª) Ele está DE férias ou EM férias?
Tanto faz. As duas formas são aceitáveis.
Usufrua suas férias sem se preocupar com a preposição. Só não esqueça que é uma palavra usada só no plural: “Minhas férias”, “Férias felizes”…
5ª) A regência do verbo VISAR: transitivo direto ou indireto?
Sempre defendi a velha distinção:
a)    VISAR (= assinar, rubricar ou mirar, apontar) é transitivo direto: “Visa o cheque” e “Visa o alvo”;
b)    VISAR (= almejar, aspirar, ter como objetivo) é transitivo indireto: “Visa AO cargo de presidente”, “Visando AO impeachment”.
Entretanto, já faz um bom tempo que alguns jornais brasileiros não respeitam mais a distinção acima. Existem gramáticos e professores que defendem que o verbo VISAR é sempre transitivo direto. O Diário de Notícias comprova que o fenômeno já chegou a Portugal: “…no Senado americano visando O impeachment do Presidente Bill Clinton…”
É importante lembrar que o mestre Celso Cunha, na sua tradicional gramática, já aceitava o verbo VISAR, com o sentido de “almejar, aspirar”, como transitivo indireto ou direto.
É, portanto, um caso facultativo.
6ª) AMERICANO ou NORTE-AMERICANO?
Jornais portugueses, assim como a maioria dos brasileiros, preferem “Senado AMERICANO” a “Senado norte-americano”.
O argumento seria que NORTE-AMERICANO, na verdade, não se refere aos Estados Unidos, e sim à América do Norte. Corresponderia ao nosso SUL-AMERICANO.
A seleção americana de basquete é a dos Estados Unidos. Uma seleção norte-americana deveria incluir jogadores do Canadá e do México.
Esse argumento é frágil, pois AMERICANO também se refere a todo o continente, à América.
Em razão disso, há quem prefira a forma ESTADUNIDENSE, que na prática não funciona. Quase ninguém usa.
A realidade, porém, é que as formas AMERICANO ou NORTE-AMERICANO estão consagradas quando nos referimos aos Estados Unidos da América do Norte.
Lutar contra isso parece luta inglória.

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